quinta-feira, 9 de abril de 2009

Uma decisão acertada


.
Desde o final do primeiro semestre de 2006 o goleiro Victor havia abolido seu lançamento em gancho, técnica que ele dominava desde os 8 anos de idade. Em vez disso, passou a usar o lançamento de antebraço, de mais rápida execução e – normalmente – mais precisão. O ponto negativo é que a bola passa a andar menos e com menos peso. Sob esse aspecto, Victor sempre procurou a variação entre lançamentos parabólicos e retos, o que confundia os goleiros adversários em relação ao timing de saída de gol.

O lançamento em gancho é um recurso de futebol de campo, usado no futsal apenas nas categorias até 11 anos, quando os goleiros ainda não têm a força necessária para lançar com o movimento de antebraço. Assim, no último ano de Sub-11, Victor passou a lançar com o antebraço.

Durante os anos em que lançou em gancho Victor foi responsável por várias assistências para o seu time. E, justamente essa lembrança, fez com que o gancho voltasse a ser utilizado numa situação de desespero. Na 5ª fase do campeonato estadual, quando faltava apenas 1 minutos e 20 segundos para terminar a partida, perdíamos por 2 a 1 para o Ki-Bola, de Lages quando falei com o técnico Alex Silva para deixar o Victor lançar em gancho. Ele concordou. O primeiro foi torto, longe uns 3 metros da direção correta. Victor estava calibrando. O segundo passou a alguns centímetros acima da cabeça do nosso pivô Marcão. O terceiro, a 10 segundos do fim do jogo, foi preciso, na cabeça do outro pivô, Peregrini, que raspou a bola e, no rebote do goleiro, Diogo empatou a partida.

A partir daí o gancho voltou e nos safou mais uma vez na vitória sobre o Ki-Bola por 4 a 3 no returno da 5ª fase, quando fizemos nosso terceiro gol para virar o jogo.
.
No turno da 6ª fase, contra o Colegial, perdíamos o jogo por 2 a 0. Após sofrermos o segundo gol, perdemos a bola na saída, o que permitiu um contra-ataque dos adversários. Victor saiu do gol, fechou o ângulo, pulou no chute numa diagonal para trás. A bola resvalou em seu peito, perdeu força, bateu em suas mãos - que seguiam o movimento de espalmar a bolar para escanteio, mas acabaram contendo a trajetória do chute - e, antes de cair no chão, foi puxada pela mão esquerda do goleiro para junto de seu corpo. Uma grande defesa, que foi complementada com um lançamento em ganho com quebra de punho, reto e violento. A bola bateu na trave e, no rebote, o pivô Marcão a colocou para dentro com a parte interna da coxa esquerda, reduzindo a diferença. O jogo terminou 4 a 4.
.
Ainda no turno da 6ª fase, no jogo contra a Elase, que vencemos por 5 a 4, o quinto e decisivo gol saiu de um outro lançamento, cortado por Dodô (pivô adversário), recuperado pelo nosso ala Yan, que serviu o pivô Marcão, livre, para empurrar a bola para a rede.

E, novamente, essa técnica foi fundamental, durante a decisão do segundo turno da Liga Atlética de Futsal, contra o Colegial, que precisava do empate no tempo normal ou na prorrogação. Vencemos no tempo normal por 6 a 4 e na prorrogação por 3 a 2. No tempo normal, Victor lançou com muita variação e confundiu o goleiro adversário, que acabou errando o tempo e se chocando contra o nosso pivô Marcão. Ficou fora de jogo e só voltou na prorrogação.

Estávamos empatando em 1 a 1 quando Victor varia mais uma vez o lançamento, com um gancho reto na cabeça do Marcão, que só escorou para desempatar o jogo. Alguns minutos depois, outro lançamento, dessa vez parabólico, fez a bola sobrar da dividida entre o nosso pivô, seu marcador e o goleiro adversário, e ser empurrada para dentro da meta pela ala Serginho.

A decisão de voltar com aquela “arma” nas fases finais dos campeonatos foi totalmente acertada. Ao todo, em 15 jogos em que o lançamento foi utilizado, saíram 16 gols em 14 partidas. Apenas em uma nosso time não marcou gol a partir de lançamento: contra a Elase no segundo jogo da final da Liga. Foram 11 gols diretos e outros cinco gols indiretos através de lançamentos - a maioria em gancho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário