quinta-feira, 9 de abril de 2009

Reforma do ginásio


A quadra antiga do LIC era por demais acanhada

Alvo de muitas discussões, a reforma do ginásio de esportes foi sem dúvida o primeiro grande marco da minha gestão à frente do futsal do LIC. A idéia surgiu através de uma conversa que tive com o então vice-presidente de outros esportes do clube, Edison Bianchi, para quem seria necessário comprar um placar eletrônico. Observei a ele que, como nossa intenção era disputar o Campeonato Catarinense de Futsal em 2007, seria preciso muito mais do que um placar eletrônico. Era fundamental reformar todo o piso do ginásio, que estava literalmente se desfazendo em pedaços e ampliar suas dimensões, bastante acanhadas para a prática esportiva em alto nível. Bianchi, então, fez a seguinte proposta: a Sul Imagem, empresa presidida por ele, fará a reforma na quadra de jogo, mas o clube terá que dar uma contrapartida, reformando a quadra poliesportiva.

Essa proposta foi amadurecida e discutida com o vice-presidente de futebol, Culica, que a defendeu com muita garra na hora de introduzi-la no orçamento do clube para 2007. Em fins de novembro estava aprovada pela diretoria do clube. Mas é a partir daí que a briga pela sua execução imediata se inicia. O então diretor financeiro do LIC, Ericson Scheiber, tinha posição absolutamente contrária à reforma naquele momento, alegando que o clube deveria ter outras prioridades, como o pagamento dos funcionários. Na reunião em que a execução da reforma foi aprovada, ele chegou a dizer que não é por estar no orçamento que a obra deveria ser imediatamente executada. E finalizou: “Temos que ver se é prioridade? Será que é?”. Nesse momento, o Culica se levanta e coloca com veemência: “A reforma foi aprovada no orçamento e precisa ser feita no começo desse ano, sob pena de comprometer todo o andamento do projeto do futsal para 2007.”

Após a observação do Culica, entrei na seqüência: “Não adianta nada ter entrado no orçamento e não ser feita agora. Essa reforma é uma obrigação a ser cumprida pelo LIC para poder disputar o Campeonato Catarinense de Futsal, é uma exigência da Federação. Se for feita em abril ou maio não nos serve”, frisei. E na verdade não nos serviria mesmo, já que a Federação Catarinense de Futebol de Salão passou a exigir que naquele ano as dimensões mínimas das quadras fossem de 30 x 17 a partir da categoria Sub-13. A nossa velha quadra tinha 28 x 15.60.

Os argumentos foram decisivos, assim como foi decisiva a postura do Culica, que chegou a bater na mesa de reuniões da diretoria quando sentiu que a tendência defendida pelo ex-diretor financeiro poderia prevalecer. Culica chegou a conversar em separado, num canto da sala, com o Edison, que naquele momento não quis posicionar-se a respeito. Do nosso lado argumentaram ainda o vice-presidente administrativo do clube, César Augusto Gonçalves, e o gerente executivo, Ernani Farani, salientando que com um parcelamento da dívida a ser contraída na reforma da quadra, o LIC teria plenas condições de cumprir a sua parte. Sem mais argumentos, e diante da forte pressão exercida pelo grupo, restou aos demais membros da diretoria aprovar a execução urgente da reforma do ginásio, que foi parcelada em seis vezes.

Enquanto era feita a tomada de preços para a compra do placar eletrônico, foi contratada a empresa Quadratec para realizar todo o projeto de ampliação e restauração do piso das quadras. Na terceira semana de janeiro a reforma foi iniciada. Quando o piso da quadra 1 foi levantado, descobriu-se que grande parte do barroteamento estava podre. Verificou-se ainda que o barroteamento tinha uma distância de 45 centímetros, quando o usual é 25. De qualquer forma, serviria como uma espécie de sistema de amortecimento, já que o piso se torna mais macio. Naquela época, um metro quadrado de amortecedores para piso custava cerca de R$ 97. Dá para imaginar quanto custaria utilizar esse sistema em uma quadra que tem as dimensões atuais de 31 x 17. A maciez da quadra permite que os problemas de articulação, especialmente a dos joelhos dos atletas, próprios à modalidade, sejam minimizados. No entanto, o desgaste da quadra é maior, já que a calafetação não resiste intacta por muito tempo.

O sol era escaldante no verão de 2007 e tivemos que reunir nosso grupo, pela primeira vez, na quadra 2, já que a reforma da quadra de jogo estava apenas iniciando. Nunca vou me esquecer aquele sábado no final de janeiro. A garotada fazendo exercícios pesados, no início da pré-temporada, correndo e suando bastante. Eu mesmo, que preparava os goleiros da equipe Sub-13, fiquei totalmente encharcado de suor. Era difícil respirar, já que havia poeira em abundância – o primeiro passo do acirramento de uma rinite que me custou um mês de surdez parcial no ouvido esquerdo no final do ano. Os meninos que tinham também tinham rinite, como o Diogo, também devem ter sofrido bastante. Os pais, curiosos com o novo time, se acotovelavam na tímida arquibancada da quadra poliesportiva, composta por apenas uma fileira de bancos. Após duas horas de treino exaustivos, todos saímos muito sujos do ginásio. A recompensa foi uma sessão de relaxamento na piscina do clube. Depois dos exercícios, farra para a garotada.

É preciso salientar que a liberação da piscina para os atletas, após os treinos foi outra batalha. Havia quem defendesse que deveria limitar-se apenas ao uso dos associados. Na verdade, uma meia dúzia de gatos pingados, já que piscina não é mesmo o forte do LIC – quem diria... um clube que ainda ostenta orgulhosamente sua piscina no próprio emblema. Mais uma vez, graças ao bom senso e intervenção do Ernani, a piscina foi liberada. A garotada, na verdade, sentia-se tratada como nunca o fora anteriormente. Havia por trás de todas as atividades um cuidado imenso com a qualidade de vida de cada um. Foi um trabalho profissional em todos os sentidos.

A ampliação e reforma do piso da quadra havia sido feita. A ansiedade da garotada era demais, já que a equipe vinha treinando na quadra ao lado, acanhada e ainda muito danificada. Apenas o piso e a calafetação estavam prontos. As marcas ainda eram da quadra antiga, mas já dava para colocar os jogadores para treinar com mais conforto. Por outro lado, o início da reforma da quadra 2 voltou a levantar poeira. Muita poeira. E descobrimos que havia até um formigueiro próximo à área dos goleiros. No futebol de campo, onde o goleiro pisa não nasce grama. Já na quadra nascem formigas. Após vários treinos em meio à bagunça, pregos, poeira e cheiro de madeira, o piso da quadra 2 ficou pronto. E todos voltaram para lá.

Chegou a hora da pintura. Escolhemos a cor cinza para o fundo, azul para as áreas, círculo central e áreas externas, e branco para as linhas. A quadra de vôlei, que muitas vezes serve de referência para o sistema defensivo no futsal, não foi pintada. Apenas suas linhas seriam delimitadas em laranja. A pintura ficou pronta, mas não a demarcação. Era o momento de pintar a quadra 2. Pintura e demarcação feitas. O fundo alaranjado causou excelente impressão. Parecia mais bonita que a quadra 1 e, na verdade, era mesmo. Só que o fundo cinza claro da quadra 1 expande mais a iluminação e isso foi pensando antes da escolha da cor. Faltava pouco para a conclusão de reforma.

A demarcação da quadra 1 foi feita, assim como alguns retoques, três dias antes da II Copa 14 de Futsal, nosso primeiro compromisso do ano, um torneio que às vésperas do início do Campeonato Estadual, encerrava a pré-temporada. Perdemos o jogo de estréia por 4 a 1 para o Colégio Nossa Senhora de Fátima, mas ainda assim acabamos campeões. A quadra, recém pintada, não resistiu e teve que receber um reforço na pintura. Por mais uma semana treinamos na quadra 2. Só que, agora, estava tudo pronto. Ou quase, porque o placar eletrônico embora estivesse no clube, ainda não havia sido instalado. Mas não demorou muito até que esse serviço fosse feito.

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