quinta-feira, 9 de abril de 2009

Fortalecimento gradual


O goleiro Aquiles defendeu o Avaí-LIC Sub-13 na temporada 2007

Culica faleceu no dia 14 de maio de 2007. Dia triste para toda a família futsal do LIC. Dia triste para todo o clube que perdia assim uma de suas figuras mais representativas. Sei o quanto nosso técnico Alex Silva sentiu a perda do pai. Eu estava a seu lado no enterro. Saída dali com a intenção de reinaugurar oficialmente nosso ginásio de esportes. Entrei com o projeto na diretoria e foi aprovado sem discussões. Eu agora já havia transformado a diretoria de futsal em vice-presidência, aproveitando o cargo vago e resguardando a modalidade antes que algum aventureiro lançasse mão. O clube está cheio deles.
.
Pouco depois, o ginásio do LIC passou a ser chamado Ginásio de Esportes Luiz Alves da Silva. Uma justa homenagem, a qual compareceram quase todas as agremiações co-irmãs de Florianópolis. Após os discursos necessários - inclusive do presidente recém empossado, Airton Galdino, que substituiu Mauro Candemil no cargo após a sua renúncia para assumir cargo político em Laguna - realizamos uma partida entre o Sub-13 do Avaí-LIC e um combinado das equipes de Florianópolis. Vitória do Avaí-LIC por 5 a 2.
.
Passamos o ano inteiro tentando encontrar uma formação da equipe que nos capacitasse a conquistar o título. Entramos na competição de forma ambiciosa. A essa altura do campeonato os sites do Avaí e do LIC divulgavam nossas conquistas e foi criada uma grande expectativa em torno do nosso time. A formação inicial agregou vários jogadores que se juntaram à equipe por indicação. Na verdade, até que davam para o gasto mas, quando a pressão de um campeonato forte como o Estadual lhes recaiu sobre os ombros, não renderam. Foram apertados e confessaram suas deficiências. É preciso garra, talento e inteligência para disputar um campeonato como esse. Em cada um deles faltava um ou mais desses ingredientes.
.
A grande novela da temporada de 2007 foi a vinda do Vinícius Manoel para a equipe. Tratava-se de um jogador escolhido por mim para compor o elenco. Queria utilizar sua força e seu potente chute. Vinícius estava enrolado com a escola. A família, com toda razão, queria que ele se resolvesse primeiro. E assim aconteceu. Foi liberado apenas no início de maio para se integrar ao elenco. E fez a diferença quando chegou. Acabou o ano como vice-artilheiro da equipe, o que, para um jogador de defesa, foi realmente incrível. Ficou atrás do João, mas normalmente todo mundo ficava atrás do João.
.
Em seguida vieram o Fabinho, Vitor e Ranier. Mais uma vez o elenco se fortalecia. Fabinho, com sua raça, deu uma característica mais agressiva à nossa defesa. Vitor, por sua vez, ajudava no revezamento dos pivôs, enquanto Ranier foi outra alternativa defensiva. Alguns atletas não vinham rendendo e, é claro, perdiam espaço na equipe. Nessas horas acabou surgindo pressão dos pais, que passaram a fazer intrigas em relação ao desempenho da equipe, da comissão técnica e de tudo o mais. Não se lembravam de onde vieram antes de integrar uma equipe grande como a nossa.
.
Pressões existiram em todas as posições, do gol ao ponta esquerda, como se costuma dizer no futebol. No gol, por exemplo, elas ocorreram durante todo o ano. Eu, além de presidir a equipe, preparava os goleiros. E tinha no Aquiles o meu goleiro titular para a temporada. Meu filho, que antes fora titular do próprio Aquiles, teve que ficar no banco. Precisava encorpar um pouco mais. O outro goleiro, Guilherme, havia sido chamado por mim para compor o grupo com a finalidade de ser goleiro-linha. Ou seja, quando estivéssemos perdendo, o colocaríamos em quadra. Ele era baixo para os padrões da posição naquela categoria, mesmo em se tratando de futsal. Em algumas partidas foi brilhante, ajudou nos resultados. Mas falhava quando vinha algum chute pelo alto. E para mim, a primeira função de um goleiro é defender. As demais qualidades não são tão relevantes. É com esse pensamento que vim formando os melhores goleiros da categoria em todas as competições que participei. Particularmente, em 2007 não havia muitos goleiros atuando que me enchessem os olhos. O Aquiles sempre foi excelente defensor; conter os chutes era seu ponto mais forte, embora precisasse naquela época cuidar mais do posicionamento. Trabalhamos nisso durante todo o ano. Seu ponto fraco era a distribuição e, por isso mesmo, a torcida, a princípio, e depois os próprios companheiros de equipe, vinham pegando no pé, me pressionando para colocar o Victor. Ainda não era o momento dele. Além do mais, eu sempre acreditei no potencial do Aquiles. Era o meu goleiro titular e eu não aceitaria jamais sugestões de terceiros. O Victor teria a sua hora de brilhar, mas precisava aguardar a sua vez. Quanto ao Guilherme, acho que compreendeu nossa intenção em relação ao seu potencial. Tinha lugar garantido para cumprir uma função específica, mas não seria nem titular e nem reserva. Era o goleiro-linha.
.
Nas demais posições a disputa era acirrada. Ninguém gostava de ficar no banco. Nenhum pai se sentia confortável em não assistir seu filho atuando com muita freqüência. A pressão foi aumentando até que ficou insustentável. Saíram da equipe no meio da campanha os alas Jorginho, Rodrigo, Matheus e Lucas. O ala Anderson, que perdeu espaço durante o ano, manteve uma posição mais firme, permanecendo na equipe até o fim da temporada. Apresentou altos e baixos e a comissão técnica exigia regularidade, porque sem ela não se consegue chegar ao fim de nada o que se faz na vida. Mas ele teve seus méritos, já que outros jogadores sequer tiveram um rompante de brilho naquele ano e ele teve - no começo da temporada.
.
Penso que se você quer ficar em um elenco qualificado tem que acreditar em si mesmo e perseverar até o fim. Foi o caso do Dudu e do Vinícios. Ambos mantiveram-se na equipe, aguardando oportunidades. Dudu, por ser mais velho, as teve. Rendeu o que se esperava dele. Sabia de seus limites e procurou sempre fazer o feijão-com-arroz. No começo da temporada se ressentiu das mudanças, esquentou a cabeça algumas vezes, mas com o passar do tempo foi aprendendo a controlar seus altos níveis de testosterona. Já o Vinícios teve bem menos chance. Apostou na temporada seguinte.
.
Outros também souberam, naquele momento, aguardar a próxima temporada, entre eles o ala Yan, o pivô Leonardo e o fixo Gustavo. O armador Pelezinho era um dos que tinha poucas chances de atuar e cumpriu o seu papel de reserva com bastante dignidade. Foram exemplos de perseverança e receberam como recompensa a sua permanência no Avaí-LIC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário