quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ferramentas de marketing



O sucesso do “Projeto de Marketing – Categorias de Base de Futsal - LIC 2006” foi conseqüência de uma análise mais aprofundada de como funcionava o futsal de base em Santa Catarina naquele momento, em que o cenário técnico convivia com mudanças constantes no regulamento, inclusive determinando, em 2004, a modificação da idade limite para as categorias de base, que passaram a ter outra nomenclatura. Ao invés de Fraldinha (Sub-8), passou a chamar-se Sub-9; ao invés de Pré-Mirim (Sub-10), passou a chamar-se Sub-11; ao invés de Mirim (Sub-12), passou a chamar-se Sub-13; ao invés de Infantil (Sub-14), passou a chamar-se Sub-15; ao invés de Infanto-Juvenil (Sub-16), passou a chamar-se Sub-17 e; ao invés de Juvenil (Sub-20), passou a chamar-se Sub-20.

Analisando friamente, pude observar que os clubes que fidelizavam seus patrocínios ou ainda aqueles que recebiam recursos advindos de patrocinadores recém conquistados eram os que mais longe chegavam nas competições. Obviamente quem fidelizava, por ter maior segurança orçamentária, podia estabelecer melhor suas diretrizes para a temporada seguinte. Ainda assim, sempre houve muito amadorismo nas categorias de base em relação aos projetos orçamentários. Costumava-se utilizar a “política do pires na mão”, ou seja, os dirigentes se aliavam aos pais e partiam para o mercado em busca de ajuda financeira, sem esclarecerem claramente aos pretendidos mecenas qual seria o ROI (Return On Investiment). Sim, o retorno sobre o investimento, prerrogativa básica de qualquer negócio viável.

Eu costumava dizer – e ainda digo – que não é pelo futsal ser um esporte amador que a sua infra-estrutura tem que ser amadora. E isso serve para qualquer esporte.

Utilizamos algumas ferramentas de análise que foram essenciais para a execução do projeto, como a Matriz SWOT, na qual avaliamos nossos pontos fracos, pontos fortes, oportunidades e ameaças. Essa ferramenta nos permitiu vislumbrar que tínhamos muito a ganhar, mas um longo caminho a percorrer durante os dois anos seguintes para que se pudesse obter resultados concretos. Analisamos também todas as forças competitivas que compunham o corpo do nosso campo de atuação. Através dessa análise pude enxergar claramente que havia muito espaço a ser explorado, muito vazio deixado pela concorrência, que não tinha se pautado em projetos profissionais de marketing. Meu único receio era a mudança do cenário de estabilidade econômica, que poderia afetar o mercado, reduzindo a capacidade de investimento dos patrocinadores. Obviamente, a parte mais frágil do “ossinho em Y da galinha” seria justamente o futsal. Mas me mantive sempre otimista.

Se por um lado a parte analítica do projeto me permitiu visualizar a situação da forma mais realista possível – inclusive sabendo quais os riscos a que estaríamos nos submetendo -, a sua parte instrumental criou alternativas para divulgação das marcas (inclusive a nossa) nos diversos meios de comunicação utilizados. Por outro lado, a definição da logística necessária para o pleno funcionamento das nossas atividades deu a exata dimensão do que seria racional em termos de investimentos para tornar o futsal financeiramente possível.

É preciso destacar que o clube jamais colocou dinheiro para o funcionamento da estrutura da nossa modalidade. Pelo contrário, acabou recebendo a arrecadação das escolinhas de futsal, que foram crescendo progressivamente entre 2005 e 2007, até chegar a 70 alunos. Com os recursos vindos da escolinha, o clube conseguia arcar com as despesas de energia elétrica, professor e estagiário dentro da modalidade.

Fora isso, o esporte tornou-se bastante lucrativo para o clube em função dos eventos promovidos, que geravam um considerável aumento de receita tanto no restaurante quanto na lanchonete. Mesmo quando não ocorriam jogos ou eventos de futsal dentro do LIC, a lanchonete lucrava com os pais que aguardavam o fim do treinamento dos filhos e com os próprios filhos que, após os treinos, iam repor líquido e energia consumindo os mais diversos carboidratos no local. Era um ativo que não podia deixar de ser considerado – especialmente quando o futsal praticamente não deixava passivo no clube.

Outra medida adotada pela diretoria de futsal, que fugiu ao escopo do projeto, mas veio em muito boa hora, foi a adoção das camisetas para as escolinhas. Na verdade a idéia se estendeu a todas as modalidades esportivas. Com os recursos da arrecadação da venda das camisetas, o clube poderia adquirir bolas e outros materiais para as diferentes categorias. Nos dois primeiros anos essa idéia deu certo – pelo menos para o futsal, uma modalidade muito ativa e em ascensão. No entanto, com a troca de diretoria, em 2008, os recursos da venda das camisetas caíram na vala comum da arrecadação do clube. Em conseqüência disso, as dívidas do clube para com os nossos fornecedores não foram saldadas, sob a alegação de que havia outras prioridades. Problema do clube, não da modalidade, já que o dinheiro para a aquisição do material foi arrecadado e desviado para outras finalidades. Má gestão de recursos.
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O projeto não especificou claramente a necessidade de se fazer investimentos em estágios e na aquisição de novos equipamentos para modernizar a estrutura do futsal. Mas, com a racionalização dos processos logísticos e conseqüente redução dos custos operacionais, conseguimos obter uma sobra orçamentária para investir nessas duas áreas, qualificando a comissão técnica e as condições e metodologia de ensino e treinamento, que formaram parte da base de apoio para o sucesso do clube nos anos seguintes.

Acredito que o aspecto mais marcante do projeto de marketing do clube tenha sido o posicionamento da modalidade: “Plantando o Futuro com o Esporte”. Esse posicionamento vislumbrava bem mais do que o desenvolvimento individual dos atletas através da prática esportiva, ou mesmo do futsal como célula de negócios dentro do clube. Estava se falando em uma perspectiva que viabilizasse o próprio LIC como clube nos próximos anos. Uma alternativa ao conceito falido de clube social ou clube de eventos sociais, um pensamento modorrento de pessoas arcaicas que não conseguem enxergar com clareza a realidade dos dias atuais.

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