quinta-feira, 9 de abril de 2009

5ª fase – A mais difícil


Jogada ensaiada de falta levou perigo à meta adversária

Em outubro tínhamos que passar por uma verdadeira prova de fogo, o nosso grupo, que era composto também pelo CRC, a Elase e o Ki-Bola, de Lages. Para nós, o Ki-Bola era uma incógnita. Todos diziam tratar-se de uma excelente equipe, com grandes jogadores e de bom porte físico. Os outros dois nós já conhecíamos. Em função dos resultados, a Elase havia conseguido trazer para casa o turno e nós o returno. Ou seja, seis jogos em Florianópolis. Tínhamos uma grande novidade na equipe, o pivô Mateus de Pelegrini, finalmente liberado pelo Figueirense para defender nossas cores alvi-anis.
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O primeiro jogo foi contra o abatido CRC. Mais uma vez não tiveram a menor chance e foram massacrados de forma ainda pior: 9 a 1. Nossa equipe jamais quis saber de dar olé em quadra. Sempre jogamos com o objetivo claro de fazer gols. Não é à toa que fomos o time que mais marcou gols na competição. O primeiro tempo traduziu tudo: 8 a 0. Na segunda etapa, já poupando os jogadores, nos limitamos a tocar bola. Cada time marcou um gol e o resultado saiu muito barato para o CRC, que poderia ter sofrido a mais acachapante derrota da competição se realmente tivéssemos esse objetivo. A torcida deles, já mais insegura por não estar em Chapecó, ainda ensaiou alguma hostilidade, mas não levou isso muito adiante. Pelegrini jogou pouco, estava se adaptando ao futsal e só havia feito dois treinamentos antes de ir à quadra.
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De manhã a história foi bem diferente. Pela frente, a incógnita Ki-Bola. Eles haviam vencido a Elase por 8 a 1 na noite anterior. Ficamos, sem dúvida, impressionados. Diogo abriu o marcador aos 4:30. Não foi fácil, já que eles vieram fechadinhos. Em dois contra-ataques fulminantes, aos 9:30 e aos 9:58, tomaram a dianteira da partida. O segundo tempo começou exatamente igual à forma como o primeiro tempo foi jogado, com nosso time pressionando e esbarrando no sistema defensivo adversário. Eles já comemoravam a vitória, quando faltava pouco mais de 1 minuto para acabar a partida. Falei para o técnico Alex Silva liberar o Victor para fazer seus lançamentos em gancho, uma arma forte que ele não usava há quase dois anos. Certamente iria atrapalhar a vida do goleiro. Com um grande cabeceador, esse lançamento é mortal. O primeiro saiu meio torto, há uns dois metros do lado direito da trave. Alex pediu calma e Victor aguardou a oportunidade seguinte. Faltavam 43 segundos para o fim da partida. Colocamos em quadra nossos dois pivôs altos, Pelegrini e Marcão. Victor lançou forte na área, na cabeça de Pelegrini que deu uma “casquinha” na bola, o goleiro rebateu e, de frente para o gol, Diogo mandou para o fundo das redes. Os segundos finais foram eletrizantes, com as duas equipes se empenhando bastante, mas não criando nada de produtivo. Um empate com sabor de vitória.
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À tarde tivemos que enfrentar nossa velha rival, a Elase, que havia empatado em 2 a 2 com o CRC. Começamos muito mal, sofrendo quatro gols em sete minutos de partida. Nosso técnico colocou o Pelegrini em quadra e a situação se reverteu. Com um gol do Diogo e dois do Pelegrini nossa equipe acabou o primeiro tempo perdendo por 4 a 3. Na segunda etapa a Elase marcou mais um gol e nós descontamos em seguida. Marcou outro e nós descontamos novamente. E na seqüência empatamos o jogo. O que estava acontecendo é que o Pelegrini não tinha preparo físico para atuar por muito tempo em uma partida tão disputada quanto aquela. Quando saía da de quadra, a Elase passava a frente. E assim foi até o fim da peleja, que terminou 8 a 7 para eles. Ocorreu muita confusão dentro e fora da quadra e a culpa foi da arbitragem, que nos atrapalhou bastante. Nos prejudicou no segundo gol da Elase, quando o ala Vitor Dias ficou na frente do nosso goleiro em uma jogada de falta. Victor reclamou, mas o árbitro o advertiu, ameaçando até tirar o cartão amarelo. Quando ele se abaixou para poder visualizar a bola, veio um torpedo no ângulo. Sequer se mexeu.
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O maior absurdo cometido pela arbitragem foi no gol de desempate da Elase (7 a 6), quando faltava pouco mais de dois minutos para encerrar a partida. Batemos a lateral rapidamente e o juiz, de costas, autorizou mais tarde, quando o Pelegrini já partia em direção ao gol. Com o apito, Pelegrini parou. Todos na quadra pararam. Só que o Vitor Dias percebeu o que estava ocorrendo e tocou para o pivô Dodô, que fuzilou nosso goleiro, que também não esboçou reação. Ninguém sabia se estava valendo o lance, mas o árbitro validou o gol. Até os torcedores das demais equipes protestaram, achando aquilo um absurdo. Tinha que voltar a jogada, pois beneficiou claramente uma equipe em detrimento da outra, que detinha a posse da bola e estava em situação de marcar um gol.
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Por fim, o terceiro erro. Um atacante da Elase vinha em direção à nossa área quando adiantou um pouco a bola e se projetou em direção ao nosso ala Serginho. Cairam os dois. Deveria ter sido marcada falta de ataque. Mas ele marcou contra a gente e, após um erro da barreira, que abriu, a Elase faz o oitavo gol. Ainda diminuímos, quando faltava 30 segundos para o fim da partida e perdemos mais duas outras chances. Partimos com tudo para cima deles, mas ficou em 8 a 7. Na saída do ginásio, muito bate-boca entre as duas torcidas. E tudo por culpa de uma arbitragem incompetente.
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O returno foi no nosso ginásio. Perdemos definitivamente o Pelegrini, que havia se machucado e o médico do Figueirense, segundo afirmaram os pais do garoto, disse que o problema no cóccix veio do futsal. Duvido muito. Tentei de tudo e jamais me conformei com a perda, mas tive que engolir a seco. Conversei com o treinador dele no Figueirense e consegui a liberação. Quem não liberou, dessa vez, foram seus familiares. Mais uma vez o CRC entrou em quadra para nos enfrentar. E, novamente, tomou um sacode. Dessa vez por 7 a 1 com direito a mais um gol do goleiro Victor, que chutou da entrada da sua área e encobriu o arqueiro adversário, mal posicionado. Foi uma partida tranqüila que sepultou definitivamente as chances dos garotos de Chapecó. Na preliminar, a Elase venceu com um gol nos últimos segundos a equipe do Ki-Bola, que liderava a competição até aquele momento. Foi um excelente resultados para os dois times de Florianópolis.
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Pela manhã, o melhor jogo do campeonato: Avaí-LIC e Ki-Bola. As duas equipes exibiram toda a sua técnica. O Ki-Bola saiu na frente, com um gol a 1:58 de partida. Reagimos de imediato, empatando o jogo 17 segundos depois com um gol do Diogo. Só que aos 9:30 eles abriram vantagem no placar mais uma vez. Durante toda a primeira etapa os times se revezavam no ataque. Diferente do primeiro jogo, dessa vez o time de Lages correu atrás do resultado. O primeiro tempo terminou 2 a 1 para eles. Entramos no vestiário e buscamos motivar a equipe. A classificação antecipada estava em nossas mãos. Se vencesse o jogo, o Avaí-LIC seria o primeiro time matematicamente classificado entre os quatro finalistas. Voltamos com tudo para o segundo tempo e marcamos logo aos 30 segundos com um gol do pivô Marcão. Aos 23:10 é a vez do ala Serginho marcar seu gol, deixando nossa equipe à frente. O jogo estava emocionante e muito técnico. Numa boa oportunidade, o Ki-Bola empatou a partida aos 24:10. Mas, aos 26:36 o pivô Marcão desempatou novamente a nosso favor.
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Os três minutos finais foram inesquecíveis. Nossa equipe se acuou e o adversário cresceu em quadra. Diversas chances foram desperdiçadas. A partir daquele momento, o goleiro Victor apareceu decisivamente em todos os lances. Faltava menos de 10 segundos para o fim do jogo quando o time lageano partiu com tudo para o ataque e, em jogada individual, o pivô fuzilou nosso goleiro a menos de três metros de distância, na entrada na área. Victor pulou rasteiro e esticou os braços, salvando com a ponta dos dedos. No rebote, a um metro da trave, o ala do Ki-Bola tocou para o gol escancarado. O que ele não contava é que fosse aparecer no meio da trajetória da bola o pé salvador do Pelezinho. Faltavam apenas três segundos para terminar a partida. Não deu tempo para mais nada. Estávamos na final. Corri para minha torcida, comemorando com grande alegria o feito. Conquistávamos ali uma medalha de Estadual e um troféu para o clube. Fizemos uma grande festa em quadra.
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À tarde, desgastados, jogamos contra a Elase que, para se classificar, tinha que empatar a partida. A vitória, obviamente, seria bem melhor. O Ki-Bola, que na preliminar havia vencido o time reserva do CRC sem maiores problemas, ficou na arquibancada torcendo pela nossa equipe. Cantava assim: “Ôôôô, Marcão é melhor que Dodô, Marcão é melhor que Dodô.” Não adiantou muito. Como sempre perigoso, Dodô foi um diferencial na partida. Tentamos de tudo, mas nossos chutes sequer chegavam ao gol da Elase, já que a zaga cortava a trajetória das bolas. O melhor caminho vinha sendo pelo alto, mas o técnico adversário, sabidamente, colocou o pivozão na defesa, anulando também essa jogada.
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O primeiro tempo havia terminado 3 a 2 para a Elase, mas empatamos logo a 1:50 da segunda etapa. Quando tudo parecia se encaminhar para o empate, o armador Pelezinho errou um passe, permitindo o contra-ataque e o gol adversário. Tentamos até o fim. Não deu. O time de Lages saiu triste do ginásio, enquanto os elaseanos comemoravam a classificação. Mas reconheceram o nosso esforço. Aplaudiram nosso empenho. Antes do jogo, chegaram a achar que combinaríamos o resultado para classificar as duas equipes de Florianópolis. Desconheciam a nossa rivalidade interna figadal.

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