quinta-feira, 9 de abril de 2009

1ª fase – Largando na frente


O jogo contra a Elase na primeira rodada foi uma amostra do que viria

A “Maquininha Azurra” ainda estava em formação quando entrou em quadra pela primeira vez para disputar a primeira fase do Campeonato Catarinense de Futsal, no dia 4 de abril, no ginásio da AABB de Florianópolis. O mando de quadra era do Clube Doze de Agosto, melhor colocado local da categoria no Estadual do ano anterior – embora houvesse perdido todas as partidas que jogou contra a gente. Mas isso não importava. Nossa equipe já era considerada muito boa, o que nos fez entrar em quadra com bastante segurança. Ancorados no goleiro Victor e no artilheiro Diogo, todos os jogadores tinham a convicção de que sairiam de quadra na liderança do grupo. Quando a bola rolou, viu-se que essa façanha não seria assim tão fácil.

O primeiro jogo foi contra os “donos” da casa, o Clube Doze de Agosto. Sua quadra de dimensões reduzidas forçou a realização da rodada no clube co-irmão e, no caso, vizinho de bairro. Desde que ingressei na modalidade, sempre soube que no Clube Doze de Agosto o futsal é coisa séria. O técnico César Garcez faz um excelente trabalho e é dos melhores em Florianópolis - possivelmente, em todo Estado. Me curvo diante da sua experiência. Mas, naquele dia, com uma equipe totalmente reformulada, o alvi-rubro de Coqueiros não foi páreo para a “Maquininha” em formação. A grande novidade que eles trouxeram foi o Xande, um grandalhão que assustava pelo seu porte, mas tecnicamente tinha suas limitações. No fim, 10 a 1 não foi um placar que tivesse traduzido o que realmente foi o jogo, já que na segunda etapa jogamos mais de oito minutos com a formação reserva em quadra. Fomos dormir satisfeitos com o resultado, mas com muita expectativa, já que eu temia o confronto com o Colegial, que, assim como a gente, era uma equipe altamente técnica.

Na manhã de sábado, quando o jogo começou, fiquei do lado de fora da quadra observando as duas equipes. Havia pouca diferença técnica entre ambas, mas o meu temor era a experiência dos atletas, já que a garotada do Colegial foi formada dentro das quadras, diferente dos nossos atletas, os quais tinham sua base no futebol de campo – com algumas exceções. Foi um jogo duro, com o comando do placar se alternado. Estávamos vencendo por 5 a 4 e faltavam uns 15 segundos para acabar quando a bola estava nos pés do Leonardo, nosso pivô naquele jogo. Ele tentou a jogada individual e acabou perdendo a bola de forma faltosa para o ala adversário, Lucas, que penetrou pelo meio da quadra, sem marcação e fuzilou para o empate. Apesar do nosso maior volume de jogo e do erro da arbitragem, 5 a 5 acabou sendo um resultado justo pelo empenho dos dois times.

O empate pela manhã não foi bom, já que a Elase havia vencido os seus dois jogos. Tínhamos que superá-los à tarde para sairmos líderes e trazermos o returno para o nosso ginásio de esportes. Apesar da pressão, almoçamos tranqüilos e entramos em quadra convictos da vitória. Mesmo tendo que enfrentar o gigante Dodô, pivô de 13 anos e quase 1.90 de altura, estávamos confiantes. A marcação nele foi dobrada nesse jogo - como em quase todos os demais -, feita pelo fixo Cleyton, que fez a contenção e pelo ala Diogo, que cortava os passes e os lançamentos para ele. Na verdade, Dodô é um gigante gente boa e um competente artilheiro, um dos melhores que já vi nas categorias de base de futsal.

O juiz apitou o começo da partida e o nervosismo imperou. Eu ainda não havia feito minha carteirinha da Federação Catarinense de Futebol de Salão (FCFS) para entrar em quadra e tive que assistir na arquibancada. Fico mais nervoso assim. Além do mais, era o pai do goleiro, o que significa emoção dobrada. O jogo começou com um gol do Diogo logo aos 56 segundos de jogo. Mas, a Elase empatou e virou antes dos 4 minutos da primeira etapa. Empatamos novamente, com um gol do Yan. Aos 9 minutos a Elase já estava novamente na dianteira do marcador, vencendo por 4 a 2. Cerca de 30 segundos depois, Diogo diminuiria o placar. O primeiro tempo foi encerrado com 4 a 3 para a Elase.

No intervalo, nem fomos para o vestiário. Sentados no canto da quadra, os jogadores ouviram atentamente as observações do técnico Alex Silva. Fui lá para motivá-los, afinal de contas, a partida estava muito parelha e não dava para deixar de acreditar na vitória.

No segundo tempo, a Elase foi para cima e marcou mais uma vez, por intermédio do ala Victor Dias, um violento chute da linha dos 10 metros no ângulo. Um golaço. A partir daí o que se viu, foi a equipe do Avaí-LIC muito mais rápida, aproveitando os espaços e utilizando sua melhor técnica para chegar aos gols. E eles foram saindo. Na segunda etapa, com a sobrecarga em cima do ala Diogo e do fixo Cleyton, o técnico Alex Silva fez uma substituição que mudou taticamente o panorama do jogo. Saiu o pivô Leonardo e entrou o ala-pivô Jhonathan, que cumpre a função de pêndulo por trás da defesa adversária. Muito rápido, soube aproveitar as bolas enfiadas pelo armador Pelezinho e, com dois gols, deu número iguais a partida. O gol de empate veio aos 6mim30 do segundo tempo. A partir daí, a Elase passou a vir para cima, com lançamentos precisos do goleiro Dudu para o pivô Dodô - mas não surtiu efeito devido à forte marcação imposta pela nossa defesa. Faltava pouco mais de 6 minutos para o fim do jogo quando, através de uma bola roubada, Pelezinho ameaçou lançar novamente para Jhonathan por trás da defesa, mas dessa vez decidiu penetrar e, na saída do goleiro, fuzilar as redes adversárias. Voltamos a ficar à frente do marcador e nos encolhemos, já que a equipe estava bastante cansada. A Elase tentava o empate de todas as formas, mas esbarrou na excelente atuação do goleiro Victor, especialmente nos últimos 5 minutos de jogo, quando esteve perfeito e evitou a reação adversária. No fim do jogo, com a torcida cantando os hinos avaianos no ginásio, nosso time saía de quadra ovacionado. Victor, capitão da equipe, não se aguentava em pé de tanto cansaço. Na verdade, todos estavam muito cansados, mas felizes com a brilhante vitória. Saímos da AABB buzinando no carro e cantando. Pura felicidade.

Mais tarde, meditando sobre essa partida, vi que o nosso adversário mais perigoso não seria o Colegial e sim a Elase. Nascia ali, a principal rivalidade do Campeonato Catarinense de Futsal de 2008 na categoria Sub-13. E essa foi apenas a primeira batalha de uma verdadeira guerra dentro e fora das quadras entre as duas equipes.

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